segunda-feira, 19 de março de 2012

O confronto entre Lula e Paulo Henrique Amorim num direito de resposta. Ou: O choque de suas éticas formidáveis.

No post acima, vocês viram duas das reportagens de 1998 do Jornal da Band, que estava sob o comando de Paulo Henrique Amorim. Pois bem. Lula obteve direito de resposta, que reproduzo abaixo. É um momento raro da história porque, como vocês verão, dois gigantes da ética se encontram — em lados opostos. Mas, de algum modo, ali já estava a semente que germinaria mais tarde e que levaria os Correios e a Caixa Econômica Federal a patrocinar o colosso do jornalismo. Toda a imprensa chapa-branca — que, segundo Agamenon Mendes Pedreira, tem a alma marrom — conta hoje com o patrocínio de estatais. O vídeo é um pouco longo: 9min40s. Mas vale cada segundo. Vejam. Volto depois. A ética de Lula Lula reclama, como viram, do que considera ataque injusto contra ele, construído com inverdades. E como faz isso? Pontuo alguns momentos. 1min - Notem que ele sugere saber alguma coisa sobre a vida pessoal de Fernando Henrique Cardoso, mas, generoso que é, decidiu não usar na campanha. Nota: se a denúncia de Paulo Henrique Amorim tivesse fundamento, não se tratava de problema pessoal coisa nenhuma! 2min29s - Lula saca o argumento que ficou internacionalmente conhecido por “Minha mãe nasceu analfabeta”. Usa, para não variar, a sua origem humildade como atestado prévio de honestidade. O que é, evidentemente, uma mistificação. 3min08s - Vejam ali o chefão do PT, o partido dos dossiês, a reclamar que os jornalistas não pensam na sua família, nos seus filhos, que vão à escola. Quando foi que os petistas levaram isso em consideração? Sempre moeram a reputação dos adversários sem piedade. 4min - Para se defender, Lula sai atacando o governo FHC e saca a denúncia estupidamente mentirosa sobre o Proer. O homem que reclamava das injustiças de que era vítima atacava o muito bem-sucedido programa de reestruturação de bancos, que preparou o país para enfrentar crises. Anos depois, na Presidência, dada o estouro da bolha nos EUA, o Apedeuta sugeriu a Obama que adotasse o… Proer! 4min30s - Ataca a imprensa, que acusa de privilegiar o candidato do governo. Expoente hoje do jornalismo chapa-branca e “de alma marrom”, segundo Agamenon, Paulo Henrique acusa a imprensa de privilegiar os candidatos da oposição… 5min25s - Lula anuncia que vai processar seus acusadores. Não sei no que deu o processo. Se descobrir, eu conto. A ética de Paulo Henrique Amorim Vocês sabem que Paulo Henrique Amorim resistiu a cumprir o acordo judicial em que se obrigava a publicar, sem comentários adicionais, uma retratação em que reconhecia a idoneidade do jornalista Heraldo Pereira. Muito bem! Vejam, a partir de 6min19s, o que o valente faz com o direito de resposta de Lula. Encerrado o pronunciamento do outro, sem nem um intervalo, ele reitera as denúncias e ainda acrescenta supostos elementos novos. Vale dizer: ele decidiu cumprir, muito à sua maneira, a decisão judicial. É evidente que jornalistas e veículos não são obrigados a gostar do direito de resposta nem precisam se calar depois dele. Mas há um modo ético de conduzir a questão. E, evidentemente, não é esse. Cumpre um esclarecimento: Paulo Henrique Amorim era fanaticamente antilulista, mas não trabalhava para o governo FHC. Certamente a Band, a exemplo de todas as emissoras, tinha anúncio de estatais, mas o Colosso de Rhodes não contava com patrocínio pessoal de empresas públicas. A prática, como se conhece hoje, é criação do lulo-petismo — foi uma das inovações do modelo petista de comunicação. Lula pedia mais responsabilidade da imprensa. Hoje, com dinheiro público, seus áulicos fazem o que se vê. Por Reinaldo Azevedo

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