segunda-feira, 24 de junho de 2013

Proposta de Constituinte é inconstitucional. Trata-se de uma tentativa de golpe bolivariano. Ou: Conforme previ, petismo tenta saída à esquerda. Não estou surpreso. Nem vocês!

Constituinte exclusiva para fazer reforma política é golpe. É evidente que se trata de uma proposta inconstitucional, que não passaria no Supremo — aos menos, espero que não. Se passasse, então seria sinal de que estaríamos no reino onde o perdão seria desnecessário porque não haveria mais pecado.
Pois é… Eu conheço esses caras e essas caras. Sei como pensam. Sei com quais categorias operam. Sei como funcionam. Tenho advertido aqui há três semanas que esse negócio de ser reverente às massas na rua acaba dando em porcaria.
Uma coisa é ser contra congressistas que não prestam. Outra, distinta, é hostilizar o Congresso. Uma coisa é criticar uma justiça lenta e ineficaz. Outra, distinta, é hostilizar o Judiciário e as leis.
A ideia de uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política é de Lula. E é antiga. Dilma, quando candidata, defendeu essa ideia numa entrevista ao programa Roda Viva. Não conseguiu dizer direito nem por que queria governar o Brasil, mas veio com essa história. Escrevi a respeito em julho de 2010. Felizmente, ao longo de sete anos, completados hoje, este blog se manteve no prumo e no rumo. Na sua proposta, também a reforma tributária seria feita por essa “constituinte”. Como ela se operaria? A “Assembleia da Reforma Política” seria bicameral ou unicameral? Representaria só os cidadãos ou se tentaria garantir o equilíbrio federativo já no processo de representação? Vai saber o que se passa pela cabeça tumultuada de Dilma Rousseff. Eu sei o que se passa na cabeça da cúpula do PT: criar mecanismos para se eternizar no poder.
É um escárnio!
O Brasil passou pelo impeachment.
O Brasil passou pela crise dos anões do Orçamento, que dizimou reputações no Congresso.
O Brasil passou, e está passando ainda, pela crise do mensalão,
Ninguém falou em Constituinte. Agora, por causa de meia-dúzia na rua — ainda que fossem muitos milhões —, os feiticeiros vêm falar em “Constituinte exclusiva”? Por quê? Houve algum rompimento da ordem?
Boa parte da reforma política necessária pode ser feita por legislação ordinária. É raro o caso em que se precisa de emenda, só aprovada com três quintos das duas Casas. E por que não se chega a lugar nenhum? Porque o governo não tem rumo e porque, como em jornada recente, os petistas querem impor uma reforma que o beneficie, que torne as eleições meros rituais homologatórios. Ora, Dilma não recebe em palácio esses patetas do Passe Livre por acaso.
Não acho que essa porcaria vá prosperar, mas é claro que estou preocupado. Ao mesmo tempo, fico satisfeito. Então eu não estava doido, não! Muita gente boa se perdeu nesse processo porque não conseguiu resistir ao encanto das massas na rua. Uma coisa é reconhecer — e isto eu sempre reconheci — que existem bons e enormes motivos para protestar. Outra, distinta, é não distinguir o ataque à roubalheira e aos desmandos do ataque às instituições.
Que fique claro:
- sapatear no teto do Congresso agride a Constituição;
- botar foto no Itamaraty agride a Constituição;
- impedir o direito de ir e vir — SENHOR MINISTRO LUIZ FUX — agride a Constituição;
- promover quebra-quebras de Norte a Sul do país, cotidiana e reiteradamente, agride a Constituição.
Certa estupidez deslumbrada se esqueceu da natureza dessa gente. Os que estão nas ruas não obedecem a nenhum comando, mas estão lidando com forças organizadas. Daqui a pouco, lembrarei que tipo de reforma política quer o PT e por quê.
Conheço a crítica segundo a qual citar o nazismo como exemplo tende a ser inócuo porque nada se iguala aquilo e coisa e tal… Mas não dá para ignorar: parte dos liberais e dos democratas brasileiros resolveu, nestes dias, se comportar como os liberais e sociais-democratas da República de Weimar.
Por Reinaldo Azevedo

domingo, 23 de junho de 2013

sábado, 22 de junho de 2013

Pátria ou papel higiênico, a dúvida socialista.

Não é mentira, aconteceu de verdade. Elias Jaua vice-presidente da Venezuela bolivariana pergunta: vocês querem pátria ou papel higiênico ?

Dilma mente, diz Anonymous!

quinta-feira, 20 de junho de 2013

CUT expulsa da manifestação no Rio. Onda vermelha vira marolinha.


Cerca de 20 militantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) foram expulsos da concentração para o protesto contra o preço e a qualidade do transporte público marcado para a noite desta quinta-feira (20) no centro do Rio de Janeiro. Os militantes foram encurralados na esquina da avenida Presidente Vargas com a praça Pio 10, onde levaram socos e empurrões.

Os manifestantes destruíram as bandeiras e todo o material do grupo vinculado à CUT e levaram os mastros como prêmio. Pressionados pela multidão que gritava "Sem partido", os militantes deixaram o local pela rua da Quitanda. Por volta das 17h, um carro de som puxava o coro dos manifestantes.Segundo o universitário Kenzo Soares, aluno da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e um dos membros do Fórum de Luta contra o Aumento das Passagens, a passeata terá o mesmo trajeto em relação aos atos anteriores: da Candelária à Cinelândia. (UOL)

Desce daí ladrão ! Em frente ao apto do Lula.

sábado, 15 de junho de 2013

Dilma recebe monumental vaia em Brasíla



Defendida por Blatter, o corrupto da FIFA, Dilma Rousseff recebe a maior vaia da história deste país na abertura da Copa das Confederações.

domingo, 9 de junho de 2013

“Dirceu — A Biografia” e relatos de tortura e morte. Ou: Quem conta a verdade possível é a sociedade, não comissões fajutas de estado

Quem conta a verdade possível, em matéria de história, é a sociedade: seus pesquisadores, historiadores, jornalistas, comentadores. Por mais honestos que sejam os narradores sobre os fatos, as narrativas serão necessariamente distintas. E não apenas em razão do estilo de cada um. Haverá aquele a enxergar relação de causa e efeito onde outro vê ou mera correlação ou não mais do que um acidente. Ao ordenar os eventos, reconstruímos a realidade segundo o nosso entendimento. Onde, então, está a verdade — sempre partido do princípio de que todos são fiéis aos fatos, de que não existe mentira deliberada? Está nesse conjunto diverso de vozes e de entendimentos da realidade.
Assim se fazem as coisas nas sociedades livres. Instituir, pois, uma comissão estatal da verdade para definir a “versão oficial” dos fatos é mero exercício de truculência política, de vigarice intelectual e de pilantragem filosófica. A razão é simples: os elementos meramente fáticos, destituídos do contexto que lhes dá sentido, em vez de esclarecer o mundo, servem para obscurecê-lo ainda mais. Quando essa dita “comissão da verdade” pretende instituir uma “moral da história”, aí já estamos no terreno do mais asqueroso oportunismo. Por que essas considerações? O editor de VEJA Otávio Cabral acaba de lançar pela Editora Record o livro “Dirceu — A Biografia” (364 págs; R$ 39,90). Ali se narram verdades que, para escândalo do bom senso, não são do interesse daquela comissão instituída por Dilma Rousseff, embora essa também seja uma história de tortura de morte.
O fio condutor do livro é a vida de José Dirceu, personagem central do maior escândalo político da história brasileira, articulador do que foi muito bem definido por ministros do Supremo como uma tentativa de golpe nas instituições democráticas e republicanas. Ora, uma personagem com esse vulto, com todas as características evidentes do anti-herói, que força a própria estereotipia para entrar na galeria dos vilões, merece ter a vida esmiuçada. E Cabral se dedicou, então, a uma pesquisa detalhada para reconstruir a trajetória do chefão do PT. Como informa Thaís Oyama em reportagem na VEJA desta semana sobre o livro, o autor analisou 15 mil páginas de documentos, distribuídas em nove arquivos, e entrevistou 63 pessoas. É… O Dirceu do mensalão, chamado pela Procuradoria-Geral da República de “chefe de quadrilha”, não se fez por acaso. Cabral decidiu investigar o pântano em que nasceu tal flor e escreveu um livro que, acreditem, traz revelações surpreendentes. Eu diria que Dirceu é ainda mais Dirceu do que se supunha…
Se já conhecíamos, por exemplo, aspectos de sua biografia pessoal que pareciam pouco recomendáveis para consumo humano, o livro se encarrega de evidenciar que Dirceu não enganava pessoas apenas por necessidade; ele também o fazia por gosto. Volto a esse ponto mais tarde. Dentre as muitas revelações do livro, dou destaque a duas porque dizem muito sobre a personagem e também nos remetem à tal “Comissão da Verdade”.
José Dirceu, o homem condenado a 10 anos e 10 meses por corrupção ativa e formação de quadrilha, segundo o depoimento de uma das testemunhas da história, participou do assassinato de um sargento da Polícia Militar de São Paulo, em 1972. A morte ocorreu em uma das ocasiões em que ele voltou do exílio em Cuba — era um protegido de Fidel Castro —, em companhia de outros membros do grupo Molipo (Movimento de Libertação Popular), uma tentativa de movimento armado criado por exilados brasileiros em Cuba, financiado por Fidel. Lembro que o destino do Molipo ainda hoje gera especulações à boca miúda. Todos os dirigentes foram mortos pelas forças de segurança. Só Dirceu escapou.
Há uma outra revelação chocante: Dirceu comandou, segundo relato da época, o sequestro e sessões de maus-tratos de um jovem chamado João Parisi. Leiam trecho do livro:
O soldado da Força Pública Paulo Ribeiro Nunes e o estudante do Mackenzie João Parisi Filho, membro do CCC [Comando de Caça aos Comunistas], descobertos enquanto se passavam por militantes do movimento estudantil, foram levados vendados ao Conjunto Residencial da USP, o Crusp, onde os apartamentos 109, 110 e 111 do bloco G eram utilizados como uma “delegacia informal” da turma de Dirceu. Lá, foram interrogados e mantidos em cárcere privado (…) A Parisi, porém, foi dado tratamento de inimigo de guerra, segundo relato do delegado do DOPS Alcides Cintra Bueno Filho, em documento de 18 de agosto de 1970:
“Por determinação do ex-líder estudantil Jose Dirceu de Oliveira e Silva, concretizou-se o sequestro do então universitário João Parisi Filho, da Universidade Mackenzie. João Parisi Filho foi levado para o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo, onde permaneceu em cárcere privado por vários dias, submetido a sevicias. Nesse conjunto residencial, Parisi foi conduzido vendado e algemado, onde foi submetido a interrogatório, sob ameaça de morte. A vítima permaneceu presa durante dias, em condições desumanas. Após ter passado por esses atos de atrocidade, o estudante Parisi foi conduzido de olhos vendados para a copa do quinto andar do pavilhão G, onde foi trancafiado por uma noite e dois dias, permanecendo nesse local todo esse tempo deitado, com as mãos algemadas e presas ao cano da pia daquela dependência. Nessa situação, foi encontrado por duas empregadas que fazem a limpeza”.
Voltei
Pois é… São apenas duas de muitas histórias um tanto estarrecedoras sobre o Zé. Mais uma vez, temos uma medida do Paraíso na Terra que teria sido o Brasil se “eles” tivessem vencido a batalha. Não por acaso, Dirceu foi tomar lições sobre o que fazer em Cuba — e continua a defender até hoje com unhas e dentes a ditadura que o abrigou. Eis aí algumas contribuições importantes para a verdade sem crachá, para a verdade que não depende de comissão oficial.
Aqui e ali já se contou a história do Dirceu que viveu clandestinamente no Paraná, com o nome de Carlos Henrique Gouveia de Mello, casado com Clara Becker — que é a mãe do hoje político Zeca Dirceu. Muito bem! Veio a Anistia, e o homem não teve dúvida: revelou à mulher que, bem…, ele não era ele e se mandou. Ela ainda tentou salvar o casamento, mas foi inútil. Muitos já tentaram livrar a cara de Dirceu nessa história: “Ele só estava se protegendo e protegendo a sua família…”. É mesmo? Pediu, por acaso, licença à mulher, à mãe do seu filho, para usá-la como disfarce? Não, é claro! A biografia revela agora que Dirceu não enganava apenas por necessidade, mas também por gosto. Tinha uma outra mulher em São Paulo, chamada Miriam Botassi. Clara, assim, era enganada duas vezes: pelo militante político José Dirceu e pelo marido que julgava ter, Carlos Gouveia. Dirceu, como se vê, mudava de nome, mas não de caráter.
Que vida venturosa, não?
No livro, Cabral demonstra que, a partir de um determinado ponto, as trajetórias de Lula e Dirceu se imbricam. As relações nem sempre foram as mais pacíficas, e houve um momento em que o Zé encostou a faca do pescoço de Lula. Em troca do silêncio sobre a forma como o partido captava recursos para campanha, exigiu a presidência do PT e plenos poderes. Levou o que quis.
Eis aí: “Dirceu — A Biografia” ilumina a trajetória de uma figura central na construção e realização do projeto de poder petista. É a verdade sem crachá. É a verdade escrachada.
Por Reinaldo Azevedo

sábado, 8 de junho de 2013

Os fugitivos dao Coréia do Norte

Tirado de Prosa e Política

Especial da Veja de 15 de maio de 2013. Conta o infortúnio da vida na Coreia do Norte, dos fugitivos daquela ditadura, e a dificuldade que estes têm de se adaptar à cultura sul coreana.
Capa-Coreia-do-NorteNão Bastou escapar do inferno
Poucos lugares no mundo reúnem almas tão desafortunadas quanto o centro Hanawon, em Seul, de apoio a refugiados da Coreia do Norte. Ser um dos seus 400 moradores significa ter crescido sob um dos mais brutais regimes do planeta, passado boa parte da vida na escuridão, visto ao menos um parente próximo morrer de fome e nunca ter lido um único texto não produzido pela propaganda oficial do governo. Significa ainda ter crescido aterrorizado com a possibilidade de ser mandado para um gulag por ter, por exemplo, deixado de usar o tratamento honorífico obrigatório para se referir a um dos membros da dinastia Kim — Kim il-sung é o Sol da Humanidade; Kim Jong-il é o Querido Líder; e Kim Jong-un, neto e filho dos Kim anteriores, é o Supremo Líder. Quem está em Hanawon arriscou-se a levar uma bala nas costas na tentativa de alcançar a China, conseguiu atravessar aquele país sem ser mandado de volta à Coreia do Norte pela polícia local e pôde chegar a uma nação não comunista que teve a caridade de enviá-lo para Seul. Para recomeçarem a vida em liberdade, os moradores de Hanawon venceram todos esses obstáculos. Mas vão descobrir em breve que, para quem teve o infortúnio de nascer sob a tirania dos Kim, até ser livre tem um preço.
Anos de uma dieta famélica fizeram com que os norte-coreanos ficassem em média 11 centímetros mais baixos e 10 quilos mais magros do que os capitalistas do sul. Mas as diferenças físicas são menores do que o abismo cultural a separar hoje os povos que até 1945 eram um só. Na década de 90, com a ruína da União Soviética e o fim da mesada mandada pelos camaradas, o sistema educacional da Coreia do Norte se desmantelou, ao mesmo tempo em que se deteriorou o sistema estatal de saúde e distribuição de comida. Hoje, na maior parte das cidades norte-coreanas, uma criança em idade de cursar o fundamental tem sorte se conseguir ir à escola algumas vezes por ano (a exceção é Pyongyang, a capital e vitrine do país, onde só se mora com a permissão do regime). Enquanto isso, um aluno da ultra competitiva Coreia do Sul estuda em média sete horas por dia e está matriculado em pelo menos mais dois cursos extracurriculares. A Coreia do Sul ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo per capita de aço do mundo — mais de 1 tonelada por habitante. Já no depauperado norte, até a energia elétrica é um luxo, o que obriga as famílias que não moram em Pyongyang a ir dormir assim que o sol se põe, igualzinho na idade média.
Hanawon funciona como uma espécie de câmara de descompressão, na qual o refugiado do norte vai aos poucos sendo exposto à nova realidade. A uma hora de Seul, o centro fica isolado em uma região rural parcamente habitada. É guardado por seguranças e não pode ter seu endereço divulgado. As precauções visam a dificultar a ação de espiões norte-coreanos infiltrados na Coreia do Sul para localizar dissidentes importantes para o regime. Os próprios hóspedes de Hanawon, antes de dar entrada lá, têm de passar por uma investigação conduzida pelo Serviço Nacional de inteligência (NiS, na sigla em inglês) para comprovar que não são espiões a serviço de Kim Jong-un. Checados, começam a fase de “reeducação”, que dura três meses. Nesse período, aprendem, entre outras coisas, a andar em escadas rolantes, fazer compras, usar cartão de crédito, caixa eletrônico e forno de cozinha.
Para quem acabou de chegar de marte, tudo é novidade. Mas nada se compara ao choque dos norte-coreanos ao visitar Seul, conta Jung Hun Seung, diretor do Hanawon. Em grupo, já que não podem circular sozinhos, eles são apresentados à capital do país ao qual já pertenceram, com seus milhares de carros cruzando as avenidas, as quase três dezenas de pontes que reluzem sobre o Rio Han, os infinitos arranha-céus e shopping centers que exibem nas vitrines coisas que eles nunca viram na vida. Ao olharem os seus iguais andando pelas ruas de patins, de boné, de mãos dadas, escutando nos fones de ouvido as músicas que escolheram escutar, morando nos lugares onde escolheram morar, os norte-coreanos enxergam o que poderiam ter sido. “Alguns ficam duas noites sem dormir depois de voltar da excursão”, diz Seung.
Nas aulas de história e política ministradas em Hanawon, ligado ao ministério da Unificação da Coreia do Sul, novas surpresas aguardam os recém chegados: eles são informados, por exemplo, de que a guerra entre as Coreias começou com uma invasão perpetrada pelo norte — e não o contrário, como aprenderam. E que a Coreia do Norte não é o “Paraíso dos Trabalhadores” nem “a segunda nação mais feliz do mundo” (a primeira é a China, segundo o governo de Pyongyang), mas, sim, um dos mais miseráveis e atrasados países do planeta. “São informações que provocam nervosismo e desconforto nos alunos”, afirma o diretor Seung. “Mas há algo mais difícil para eles do que absorver informações políticas, que é entender as regras de mercado”, diz.
Na Coreia do Norte, bem ou mal, o estado é o provedor, e a sociedade, ao menos em tese, é igualitária. Assim, os norte-coreanos não compreendem porque o fato de eles viverem agora na Coreia do Sul não significa, automaticamente, que terão um emprego, uma casa e um carro, como os sul-coreanos que eles veem em Seul. “Eles acham que estão sendo discriminados. Não têm a menor noção de conceitos como esforço, competição e meritocracia”, diz Seung.
Quando, ao final, entendem que o estado não vai cuidar deles para sempre e que é preciso ir à luta para conseguir o que se deseja, deparam — de novo —com as diferenças. Na Coreia do Sul, 82% dos jovens chegam à universidade. Já entre os 23 000 norte-coreanos que vivem lá, essa porcentagem não passa de 5%. E, mesmo assim, poucos desses alunos conseguirão se formar. “A maioria desiste”, afirma Dong Ju Yun, diretor da Wooridul, uma escola de reforço para estudantes norte-coreanos sustentada por ONGs e administrada por professores voluntários. “Eles percebem que nunca alcançarão a performance dos colegas”, diz. Ao medirem a distância entre os seus sonhos e a capacidade de torná-los realidade, acabam se juntando aos demais — empregados em supermercados, fábricas e restaurantes. A norte-coreana Joo Young Lee (o nome, chinês, é falso) trabalha como garçonete em um restaurante em Seul. Antes de fugir para a Coreia do Sul, tudo o que sabia sobre o país provinha de duas fontes: a propaganda oficial norte-coreana e o filme Minha Mulher é uma Gângster, policial sul-coreano que ela havia visto dezenas de vezes escondido. “Sonhava em aprender a lutar e a atirar para vir morar em Seul. Só tinha esse filme para assistir, então achava que todos aqui eram gângsteres”, diz. Perfeita beldade coreana —de traços delicados, olhos grandes, pele alva, lábios rechonchudos e vermelhos—, Joo terminou há oito meses a quarentena em Hanawon. Na presença da antiga tutora, recita sorridente o mantra dos convertidos: diz estar feliz por viver numa sociedade livre, sente-se bem tratada e quer aproveitar todas as oportunidades que o governo sul-coreano lhe oferece.
Menina-coreanaEla se preparou para ser fotografada para a reportagem, como mostram sua maquiagem e produção caprichada. Os refugiados norte-coreanos não podem ter o rosto identificado em fotos, segundo as regras de segurança a que estão sujeitos. Mas, na hora de posar para o retrato, Joo pergunta se pode esconder também os pés. Explica em voz baixa: teme que o namorado a reconheça pelos sapatos. Ela mentiu que é sul-coreana e receia que ele, lendo a reportagem, descubra a verdade e a abandone (ela aceitou esconder apenas o rosto depois de saber que a matéria não seria publicada na Coreia do Sul).
Aos olhos da Ásia rica, os norte-coreanos não são apenas cidadãos de segunda categoria. A bizarria do regime dos Kim transformou-os em seres exóticos como um panda azul. Na cidade chinesa de Dandong, separada da cidade norte-coreana de Sinuiju pelo Rio Yalu, prospera um novo filão turístico: “aviste a Coreia do Norte e fale com um norte-coreano”, diz a placa na entrada do porto improvisado.
Turismo-Chineses-Coreia
Meia dúzia de lanchas aguardam a chegada de fregueses em frente a um quiosque que aluga binóculos e oferece suvenires com fotos de Kim il-sung. Biscoitos, pães e pacotes de salsicha também estão à venda, mas não se destinam ao consumo dos turistas. A vendedora explica: “Você pode atirar para eles do barco. Eles têm fome e são muito pobres. Não conhecem nenhum desses produtos”. Por 100 iuanes por pessoa (16 dólares), turistas embarcam nas lanchas em grupos de seis. O piloto diminui a velocidade diante de soldados norte-coreanos que fazem a patrulha da fronteira e avisa que militares não podem ser fotografados. mais à frente, para diante de uma criança que acena para o barco. Arranca gritos excitados dos chineses ao atirar na sua direção os pacotes de salsicha comprados no quiosque. O menino pega o embrulho e sai em disparada. “Ele está correndo porque tem medo de que o soldado roube o pacote dele”, explica o condutor.
Tanto a Coreia do Norte quanto a do Sul dizem querer a unificação dos países. Para a do Norte, o motivo está ligado, como sempre, à propaganda. Entre as fantasias disseminadas pelo regime, está a de que uma parcela crescente de sul-coreanos sonha em se juntar ao norte para desfrutar a felicidade de viver no Paraíso dos Trabalhadores e só não o faz por causa da implacável repressão do governo de Seul, fantoche do arqui-inimigo americano. Já na Coreia do Sul, a unificação é componente de um ideário nacionalista compartilhado tanto pela esquerda quanto pela direita, embora com sinceridade cada vez menor da parte de ambas.
Mais de 65 anos depois da separação, apenas 10% da população da Coreia do Sul tem algum parente ou amigo na Coreia do Norte. A indiferença em relação à questão é ainda maior entre os jovens, que não tiveram contato algum com os irmãos de cima. Mas mesmo quem teve pensa duas vezes antes de insistir no assunto. Quando a Alemanha oriental se juntou à ocidental, a diferença entre os PiBs per capita era de um para três. No caso das Coreias, essa desvantagem chega a um para 44. Os sul-coreanos não têm dúvidas sobre quem pagará a conta na hipótese de uma reunificação.
Já da parte da Coreia do Norte, o temor é de outra natureza. Por mais que Kim Jong-un se faça de louco, não é capaz de acreditar nas próprias mentiras. Ele sabe, assim como seus generais, que, na eventualidade de as Coreias se juntarem, o norte será absorvido pelo sul, e não o contrário — de maneira que, se as coisas saírem do controle, não é improvável que sua cabeça acabe separada do pescoço.
A ditadura norte-coreana é uma das mais cruéis já testemunhadas pela humanidade não só porque condenou milhões de pessoas à ignorância, à fome e à mentira, nem apenas porque mantém 300 000 homens, mulheres e crianças confinados em campos de prisioneiros que fazem o inferno parecer um spa de luxo. A tirania dos Kim é duplamente cruel porque não poupa nem os que conseguem escapar dela. Para eles, o regime reservou outro castigo: o sofrimento de se sentir para sempre uma aberração.
Contrabando-para-Coreia-do-NorteOs maiores inimigos do regime
Até o ano passado, o Rio Tumen era, por assim dizer, o local detrabalho do norte-coreano Chuljoo Li (o nome é falso), de 28 anos.
Com água até a cintura, ele negociava com comerciantes chineses, igualmente molhados, os produtos que mais tarde revenderia na sua cidade,na província de Ryanggang, na fronteira com a China. Comprava e vendia “tudo o que se possa imaginar”: arroz, metanfetamina, sofá para a sala, mesa para a cozinha, sapatos e cachorros (sim, esses últimos destinados à mesa). Mas as mais disputadas mercadorias eram, e até hoje são, os DVDs de Ëlmes e novelas sul-coreanos, diz o norte-coreano, que hoje mora em Seul.
Para o governo da Coreia do Norte, trata-se de material de altíssimo poder subversivo. Para moradores das fronteiras, representa a primeira janela para o mundo exterior. Ao mostrarem como os vizinhos do sul vivem — e comem, se vestem e se divertem —, as novelas desmentem a delirante propaganda oficial do regime, segundo a qual a Coreia do Sul é uma nação miserável e repleta de desempregados loucos para se mudar para o norte.
Os norte-coreanos assistem escondido a esses vídeos, que passam de mão em mão entre amigos. Dá cadeia ser pego com um DVD desses. Depois que os computadores entraram para o cardápio de produtos contrabandeados no rio, está cada vez mais fácil driblar a polícia política do regime. “Um DVD é mais difícil de esconder. Já se os guardas pegam você com um pen drive, basta engoli-lo”, diz Li.
Quase 40 dos norte-coreanos refugiados em Seul ouvidos sobre seu passado pela consultoria InterMedia apontaram os DVDs como a maior fonte de informação sobre a vida fora da Coreia do Norte.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Todo brasileiro sonha ter um android munduruku.

Índio munduruku, da tribo que aluga chata para garimpo ilegal de ouro no Rio Tapajós, registrando em celular de última geração o seu protesto contra Belo Monte em frente ao Palácio do Planalto. Eu também quero um android munduruku.
Tirado do Coturno Noturno

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Questão indígena: CNA denuncia ameaça ao estado democrático de direito. NOTA OFICIAL


CNA denuncia tentativa de desestabilização do Estado de Direito
 
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) denuncia uma tentativa de desestabilização do setor produtivo rural, tendo por pretexto a causa indígena.
 
Militantes ideológicos, que aparelharam a Funai e se associaram ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a ONGs nacionais e estrangeiras, estimulam os índios a  invadir terras produtivas, devidamente tituladas – algumas há mais de um século. Provocam conflitos que, além de levar insegurança ao setor mais produtivo da economia brasileira, instalam um ambiente de ódio e confronto entre brasileiros.
 
Os produtores rurais não desrespeitam os direitos dos índios, mas, ao contrário, estão tendo os seus desrespeitados. As invasões têm sido sistemáticas, a partir de ação da Funai, que, ao arrepio da lei, decide de maneira autocrática que terras serão demarcadas, ignorando os direitos do produtor rural e a segurança de sua família e empregados.
 
O setor agropecuário tem, hoje, peso extraordinário na economia do país. Acumula recordes de produtividade, usando menos terra e unindo produção com preservação. Cresceu, no último trimestre, 9.7%, enquanto o PIB como um todo avançou 0.6%. Em relação ao mesmo trimestre de 2012, o crescimento foi de 17%.
 
É essa presença na vida econômica e social do país que faz com que a CNA seja recebida com frequência no Palácio do Planalto, para discutir questões nacionais, como o recém-lançado Plano Agrícola e Pecuário 2013/2014. Esta agenda propositiva não se confunde com a presente crise indígena – que, inclusive, é de natureza judicial.
 
O clima instalado, se não for imediatamente revertido, prenuncia novos e dramáticos confrontos de consequências imprevisíveis.
 
O que está em pauta vai bem além de infrações pontuais à lei. É o Estado democrático de Direito que está sendo contestado, de dentro do próprio Estado. Não será com declarações que desafiam a lei, a ordem e o bom senso que problema dessa magnitude será resolvido. A lei precisa ser e será cumprida.
 
A posição da CNA a respeito das demarcações de terras indígenas é conhecida: total respeito às decisões da Justiça, em todas as suas instâncias. Essa é a orientação aos nossos associados. Queremos a paz no campo, o que só virá com segurança jurídica e respeito ao direito de propriedade. E ainda:
  • imediata suspensão dos processos de demarcação em curso até o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal dos embargos de declaração contra a decisão em que foram fixadas as condicionantes no caso Raposa Serra do Sol, para que todos os Poderes tenham uma orientação única sobre os procedimentos de ampliação ou criação de terras indígenas;
  • revalidação da Portaria AGU 303/2012, com aplicação obrigatória das 19 condicionantes do caso Raposa Serra do Sol, enquanto o STF não julga os recursos pendentes;
  • indenização não apenas das benfeitorias, mas também das terras legalmente tituladas tomadas dos produtores rurais.
A CNA apoia a iniciativa de construção de uma nova política indigenista, submetida não apenas à Funai, mas também a outros ministérios e órgãos do governo federal. É inconcebível que questão deste porte fique ao arbítrio de um único órgão, aparelhado por uma militância associada a objetivos ideológicos e comerciais, alheios ao interesse nacional.
 
Brasília, 5 de junho de 2013
 
SENADORA KÁTIA ABREU - Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - (CNA)

terça-feira, 4 de junho de 2013

A mentira oficial

Tirado do Coturno Noturno

TERÇA-FEIRA, 4 DE JUNHO DE 2013


A mentira oficial.

O ministro Gilberto Carvalho, que emprega Paulo Maldos, ex-marido da atual presidente da FUNAI e ex-assessor especial do CIMI, declarou, hoje:

"Quando um juiz de primeira instância mandou a reintegração de posse, a presidente (Dilma Rousseff) falou para o ministro aqui que não devia ter obedecido, porque para fazer uma operação como aquela lá fatalmente poderia dar em uma morte"

Como se vê, o ministro Gilbertinho prega a desobediência às leis. Não é de acreditar que a Presidente da República tenha dito tamanho absurdo. Ou será que é por ordem superior que o ministro da Justiça e o Advogado Geral da União foram até os tribunais superiores para pedir que não fosse garantida a reintegração de posse para produtores rurais, donos legítimos das suas terras? Que a Justiça rolasse de barriga. Não importa os saques, a destruição, os incêndios promovidos pelos índios. Tudo para não fazer dodói nos índios assassinos e foras da lei que estão invadindo fazendas. A mentira oficial continua. Gilberto Carvalho fala da reintegração de posse da Fazenda Buritis, cujo dono tem título de propriedade de 1927. A aldeia dos Terena, ali perto, foi criada em 1929. Lá onde morreu o acadêmico de Administração de Empresas, morador da cidade de Sidrolândia, fantasiado de índio terena. Nesta reintegração, o juiz deu 10 dias a mais de prazo, para que o Governo Federal tomasse as providências para uma desocupação segura. O Governo Federal nada fez. No dia anterior, o juiz, na presença da FUNAI, do CIMI, do CNJ, dos índios e produtores rurais avisou que a reintegração estava mantida. Se a Dilma não sabia é porque não lhe disseram. Os seus ministros sabiam. E agora estão tentando manter uma mentira oficial.

A seguir, postamos um vídeo estarrecedor. As cenas são violentíssimas. Chocantes. Talvez você nunca tenha visto nada igual. O produtor rural Arnaldo Alves Ferreira, de 68 anos, agoniza devido  a pauladas e golpes de facão desferidos pelos índios guaranis kaiowas, após ter o sítio, uma propriedade de 60 hectares, invadida em Douradina, no Mato Grosso do Sul, no dia 12 do mês passado. Ele implora pela vida. Os índios dialogam com ele e deixam que agonize. Ele morreu horas depois de ser resgatado pela polícia. 

sábado, 1 de junho de 2013

Dinheiro na cueca. Meio milhão. E o PT por trás, novamente

Publicado em  às  hs.
A Veja novamente dando dor de cabeça no PT. Agora a notícia é de que, novamente, mais amigos do petismo foram detidos tentando embarcar com dólares na cueca.
Dinheiro apreendido com passageiros de voo tem dono ligado à CPI dos Correios
A investigação de dois homens no Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, no último dia 16, com R$ 465 mil escondidos em meias e cuecas, pode levar a um novo escândalo. Segundo a revista “Veja”, o dono do dinheiro, que se apresentou como Eduardo Lemos, empresário, disse que os recursos seriam usados para pagar um apartamento no Rio e nada tinham a ver com cofres públicos, é Carlos Eduardo Carneiro Lemos, um operador de mercado que teve seu nome envolvido na CPI dos Correios, que investigou o mensalão.
A revista lembra que Lemos foi gerente de investimentos da Prece, o fundo de pensão dos funcionários da empresa de saneamento do Rio, e afirma que foi indicado ao cargo pelo PT, por meio de Marcelo Sereno, ex-assessor de José Dirceu. No cargo, ele teria comandado operações que resultaram em prejuízo de mais de R$ 100 milhões ao fundo.
Leia mais em O Globo.