quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Quem é Luiz Inácio Lula da Silva




Logo embaixo do verniz político está um homem simples demais para ser nosso presidente; danosamente simples demais. O que impressiona é como isso pôde passar despercebido do imaginário popular.
O Millôr começou por dizer que, seguindo um critério de Lombroso, Lula é um fronteiriço. Aliás, Enéias, o Breve, também disse isto em já célebre sessão do Conselho de Ética esses dias.
Mas Lula é antes de tudo um fraco. Fraco de cabeça, de instintos baixos, não maus, mas baixos, rudes, toscos. É irascível, odiento, sangüíneo, sialorréico e sudorréico. Em seu pícnico aspecto encerra em sua grossa carapaça sertaneja uma mente prática, adaptada para a sobrevivência física e que desdenha as sutilezas intelectuais nos outros. Uma mente que se compraz em obter vantagens ecológicas guiando uma existência física em um corpo sertanejo entre os espinhos da vida. Eis a sua faculdade da vida. Eis a sua contradição nordestina: apesar disso, Lula é um ... fraco!
Disfarça isso entre lágrimas fáceis e apelativas, escravas do pieguismo fronteiriço, que faz às vezes de uma doutrina moral facilitadora para o seu intelecto limitado. Isso ainda lhe rende uma proximidade calorosa com as massas que nele vêem um igual, que com luxúria contagiante compartilham seus QIs em uma sintonia  barulhenta de lascívia, de apetites coletivos, de ardores físicos comunitários em bem tipificada cumplicidade mental onde a moralidade precisa ser relaxada. Dizer intelecto limitado, porém, não é o mesmo que dizer que o ainda presidente seja burro ou falto de inteligência. Ele é a elite dos burros!
Esta ressalva é importante para a sua caracterização política. Ela revela no campo da política um espírito adaptativo típico dos populistas bem sucedidos que prosperam em situações de cultura estreita, de erudição nula e refinamento intelectual escasso, usando com desenvoltura sua inteligência adaptativa. Em suma, ele detém uma inteligência política do tamanho certo para uma cultura política incipiente, como é o caso brasileiro. Lula é bem brasileiro neste sentido; é majoritário nesta capacidade e neste mister de raposas, de astutos e de espertos. Afinal, a marca do caipira é a esperteza.
Como vêem, o problema da análise psicológica de Lula é que ela é melhor traduzida a partir da sua estatura física, de sua estrutura material tosca, mais do que de sua mente ou intelecto, ou do reino do abstrato. Quero assim enfatizar sua figura ornada pelos trejeitos cênicos, a voz rouquenha e sibilante, seus arroubos típicos que o levam rapidamente da simpatia à ridicularia de bufão bajulado, sem que ele se dê conta disso; a composição da imagem que lhe compõe gratuita e facilmente, o que inclui o nome, agora título. Seu nome, Lula, é um codinome disso; um autocodinome. Lula é um símbolo do qual queremos fazer um conceito para melhor entendê-lo. Para toda las gentes és un simbolo. Mas um símbolo que é parte integrante desse conceito. Lula o reverberou, o admitiu, o assimilou muito cedo na vida política. Compôs sua maturidade nele, quando deveria estar fazendo ou construindo outros papéis para si. “Lula” é uma grife, um logo, um simulacro. Sua “galega”, como se referiu à sua mulher nos bons tempos de alegria, deve ter participado desse entendimento e desta formação psicológica. Ela mesma foi maquiada e produzida para reforçar este papel. Hoje, na crise, e não tenho dúvida, no sofrimento, isso serve para realimentar a fantasia onde se escondem.
Hoje o vemos como uma personalidade pública que sofreu uma manipulação artificial no sentido de lhe criar um estofo social utilitário. Através da introjeção de papéis políticos convenientes e necessários à ideologia socialista, se lhe tornou possível a criação de uma finalidade, um sentido para a sua vida. Seu psiquismo mais grotesco e bronco assim ganhou uma camada fina e removível de verniz filosófico e político; uma pseudo-educação tardia, uma vocação imposta pelas exigências dessa ideologia, ainda que incrivelmente deslocada. Lula se tornou um socialista incapaz de ler o socialismo e ainda assim é contemplado com a mais nobre e alta missão. Aliás, quando lhe perguntaram se era socialista, ele se saiu pela tangente, dizendo-se torneiro mecânico apenas, fazendo questão de se passar por alheio a essas sutilezas teóricas. Lula é uma criatura onde foi inscrita uma missão política; deixada por si mesmo é nada, é sonho puro, desejo, emoção. Se alguém pudesse fazer um clone dele, não notaria a diferença dos dois.
O aspecto psicológico mais visível de sua personalidade, assim, é a volição, um elemento substancial na vida de qualquer político. Lula a tem em abundância. É pura vontade de poder, ou melhor, poder de vontade, invertendo Nietzsche. Vontade de ter e de comer. Tem no mais alto grau em si o voluntarismo, confundindo-o com a vontade política da qual ouviu falar como qualidade do político que faz, que constrói, ou modela. Ocorre, entretanto, que tal qualidade contamina a personalidade sonhadora e fantasiosa, sua única abstração. O resultado desse sistemático viver é a aposta permanente na utopia, no reino do futuro, em um idealismo que lhe consome o pouco de razão pensante de indivíduo primitivo.
O menos visível, no entanto, e que somente agora se revela publicamente, são os seus sentimentos pouco nobres: ressentimento, inveja, ódio. Notei antes o odioso como componente de sua psique, como pathos que se descarrega, que se dissipa, desculpável em qualquer homem. Mas aqui o ódio que se deixa acumular lhe confere um valor ou caráter negativo. Isso lhe dá um potencial para a maldade invejosa, a qual produz um traço permanente de presença, uma ação obstinada que a causa socialista requer, infunde, magnifica e justifica. No mesmo tom, a inveja, o sentimento socialista por excelência, que Nietzsche tinha flagrado nos primeiros cristãos diante do senhor romano, é uma constante psicológica, sua definidora principal de personalidade. O ressentimento, comparado aos sentimentos anteriores, é até brando em sua personalidade. Lula consegue dividi-lo mais facilmente com os companheiros; é um sentimento que tende ao compartilhamento, justo que reconhecível, diferente do ódio e, principalmente, da inveja, esta, impossível de admissão consciente. De fato, a inveja é sentimento que não se reconhece. Quando presente exige dissimulação. É, neste sentido, a mãe da mentira. Lemos o espírito de Lula e nele vemos a mentira como a m ais registrada das marcas do socialista. Mentir é uma segunda, diria, primeira natureza no socialista. Lula nem percebe isso quando a confirma diuturnamente para si e para os outros. Mentir é o agir principal do socialista. Mentir para si mesmo, contudo, revela distanciamento da realidade, o que se vê mais claramente nos momentos críticos, como agora, onde se faz a leitura de uma postura arrogante que arrosta a tudo e a todos a partir de uma visão auto-elogiosa, imodesta, que começou com um: “ninguém conhece esse país como eu”; que evoluiu para um “sou um homem sem pecado”; e que, por enquanto, culmina no lamentável “neste país não existe ninguém que possa me ensinar ética e honestidade”.
Mentiras, fantasias, sonhos, abstrações infantis, mais um pathos de bonomia, empatia, simpatia - de longe a característica mais conspícua e por tal reconhecida popularmente -, e a identificação com o que é mais rude, mais simples, mais chão, mais povo inculto: eis a cadeia e o círculo interior onde vive e sobrevive. Entre elas a linguagem, cuja única fluência é no sentido das futilidades da vida prática e cujo conhecer tende a ser anedótico, lúdico, irresponsável e leviano. Deste provêm a profusão de bobagens ditas e repetidas; jamais lidas, sempre toleradas pelos ingênuos, mas também pelos mal intencionados cultos de que dele se valem; besteiras e asneiras que nascem espontaneamente de dentro desse oco mental, em forma pura, não burilada pela análise racional – mais sentido e percepção que conhecimento processado. Porém, em sociedade e, em especial, na sociedade política, que o habilita para o desejoso poder, tal limitação o torna presa dos mais inteligentes, dos mais racionais, dos mais pensantes, que lhe ensinam a odiar por maldade, como disse, algo que não lhe é inato.
Lula é patético. É digno de pena. O povo reconheceu isso há muito tempo. O povo, ele mesmo, é patético. Querendo agradar-lhe e de se ver nele, o fez presidente de todos, infelizmente, mesmo sendo ele despreparado para a vida de nós outros, pois que escassamente assim é para si. Agora Lula sofre o passo mal dado, ousadamente mal dado, além da perna, do nariz, dos olhos e dos ouvidos. Caminhou com o coração rude e sangüíneo, o qual, talvez lhe bastasse, mas nunca a nós outros. O povo escolheu esse caminho por puro engano, puro engodo e propaganda falsamente humanista. O resultado, agora colhemos.
O diagnóstico que agora construo dessa personalidade marcante e inesquecível pelo dom que teve em arranhar a História e nela, à força, se inscrever, apenas está começando. Muitos se debruçarão sobre o mesmo tema, medindo-o por todos os seus lados visíveis e invisíveis. Porém, cada vez menos o lado do imaginário que não deu certo, que se mostrou falso e inverídico. Lula como homem não é uma farsa ou uma máscara. Ou é? Esta pergunta atende à diferença que procuro ressaltar: Lula é facilmente desmascarável, desmentível, desmistificável. Logo embaixo do verniz político está um homem simples demais para ser nosso presidente; danosamente simples demais. O que impressiona é como isso pôde passar despercebido do imaginário popular. A intensidade do fenômeno sociológico que a revolução de Gramsci foi capaz de fazer, explica tudo, entretanto, embora Lula não seja a criação do gramscismo ou seu fruto, verdadeiramente. Outros virão para cumprir o papel idealizado e então veremos. Estamos a um passo da segunda ofensiva gramscista, de um novo ciclo revolucionário; um verdadeiro teste para o socialismo tropical do qual até agora Lula foi o animal político mais representativo.

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