segunda-feira, 13 de junho de 2011

Dilma reconhece a grande obra de fhc e eu reconheco a grande fraude do pt

O site criado em homenagem aos 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (www.fhc80anos.com.br) traz mensagens de várias personalidades brasileiras e estrangeiras, entre intelectuais, políticos, artistas etc, que saúdam o legado do político e do sociólogo. A presidente Dilma Rousseff enviou o seguinte texto. Leiam. Volto depois.


“Em seus oitenta anos há muitas características do Senhor Presidente Fernando Henrique a homenagear.
O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica.
Mas quero aqui destacar também o democrata. O espírito do jovem que lutou pelos seus ideais, que perduram até os dias de hoje.
Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidação da democracia brasileira em seus oito anos de mandato.
Fernando Henrique foi primeiro presidente eleito desde Juscelino Kubitschek a dar posse a um sucessor oposicionista igualmente eleito.
Não escondo que nos últimos anos tivemos e mantemos opiniões diferentes, mas, justamente por isso, maior é minha admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de idéias.


Querido Presidente, meus parabéns e um afetuoso abraço!”

Dilma Rousseff”

Presidenta da República Federativa do Brasil”

Voltei

Estive na festa de aniversário de Fernando Henrique na sexta-feira, num jantar promovido por seus amigos e admiradores na Sala São Paulo. Ele completa 80 anos no próximo sábado, dia 18 de junho. Lá estavam pessoas das mais variadas idades, profissões e visões de mundo. O que as unia era o reconhecimento da grande obra de FHC, muito bem sintetizada, sim, na carta de Dilma: “acadêmico inovador, político habilidoso e ministro-arquiteto de um plano duradouro da saída da hiperinflação”.

FHC fez um breve discurso de agradecimento. Mostrou-se grato aos amigos, à sorte, ao país e exaltou a alegria de viver. Deixou clara a sua disposição de continuar lutando por suas idéias e por um Brasil melhor e mais justo. A noite celebrava a generosidade, a tolerância, a civilidade. Creio, e não vou especular sobre motivações subjetivas, que o ex-presidente tenha ficado satisfeito com a mensagem de Dilma. Uma figura bastante graduada do petismo reconhece, enfim, apesar das divergências, a obra de um adversário político. Só cabe ao homenageado reagir de bom grado.

O assunto principal deste blog é política. Se não cabe a FHC contrastar o conteúdo da mensagem da “presidenta” com a pregação histórica do PT, cumpre a este blog fazê-lo porque é sua tarefa ler a manifestação à luz da história e da forma como se constituiu e se constitui o petismo.

Não há que tenha tido a sua obra tão vilipendiada, tão agredida, tão covardemente desconstruída — ao menos é essa a tentativa — como FHC. E os agentes desse trabalho de reconstituição vigarista do passado são os petistas. Na luta cotidiana, nas disputas eleitorais, sempre foram muito além das “divergências” de que fala Dilma. O “arquiteto” do Real jamais teve a sua obra reconhecida. Ao contrário: criou-se a fantasia estúpida de que mesmo o plano que livrou o Brasil do buraco era parte de uma outra arquitetura: a do “neoliberalismo”, a da “privataria”, a das ações concertadas contra os interesses do povo.

Os petistas venceram três eleições com esse discurso. Reitero: FHC tem de ficar feliz, sim, porque mesmo aqueles que tentaram enxovalhar a sua biografia ensaiam um movimento de retorno. O decoro do homenageado é um. O nosso aqui há de ser outro. Por isso peço que vocês assistam a este vídeo. Volto para encerrar.



Voltei

Eis o PT em campanha. Esse é o discurso que pauta a luta política dos companheiros há muitos anos. Dilma falou a verdade na mensagem enviada ao ex-presidente, mas seu partido — e seus candidatos — tem feito da mentira um método. Sete meses depois dessa fala na televisão, a agora presidente decidiu privatizar os aeroportos. O que teria sido a melhor escolha há alguns anos torna-se agora a única saída. Não poderia ser diferente. O substrato da fraude política é a fraude intelectual.

Saúdo o bom senso de Dilma Rousseff quanto a este particular — ao menos até a próxima eleição… Aí tudo volta ao normal. Parece que o PT considera que a verdade é incompatível com a disputa política.

Por Reinaldo Azevedo

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