domingo, 22 de julho de 2012

Às vésperas do julgamento do mensalão, Dirceu quer dar relevo à imagem do suposto revolucionário para mitigar a do “consultor de empresas” que se esgueira em hotéis

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Se em meu ofício, ou arte severa,/ Vou labutando, na quietude/ Da noite, enquanto, à luz cantante/ De encapelada lua jazem/ Tantos amantes que entre os braços/ As próprias dores vão estreitando —/ Não é por pão, nem por ambição,/ Nem para em palcos de marfim/ Pavonear-me, trocando encantos,/ Mas pelo simples salário pago/ Pelo secreto coração deles. (Dylan Thomas — Tradução de Mário Faustino)
22/07/2012
 às 7:19

Às vésperas do julgamento do mensalão, Dirceu quer dar relevo à imagem do suposto revolucionário para mitigar a do “consultor de empresas” que se esgueira em hotéis

José Dirceu começou a investir na mitologia pessoal. Está dando um jeito de ser notícia. Bernardo Mello Franco informa na Folha deste domingo que ele quer porque quer participar de um debate sobre a luta armada contra o regime militar, especialmente para falar do Molipo (Movimento de Libertação Popular), a turma que foi treinar guerrilha em Cuba para tentar liderar um levante no Brasil. Dirceu era um deles. Deu errado. Diga-se — a seu favor ou contra ele, cada um avalie aí — que nunca deu um tiro. À diferença de Dilma, nunca foi da viração. Quando foi demitido da Casa Civil, substituído por ela, chamou-a, em seu discurso de despedida, de “companheira de armas”… Dado o humor da moça, ela deve ter pensado: “Esse nunca pegou numa garrucha…”. Sim, o Zé tem um lado mitômano. Mas leiam trecho da reportagem. Volto em seguida.
Às vésperas de ser julgado no Supremo Tribunal Federal pela acusação de chefiar o mensalão, o ex-ministro José Dirceu, planeja uma reaparição pública em debate sobre a luta armada contra a ditadura militar (1964-85). Ele avisou amigos que quer participar, no próximo sábado, de seminário sobre a história do Molipo (Movimento de Libertação Popular).
A organização foi criada pelos chamados 28 da Ilha, exilados que fizeram treinamento de guerrilha em Cuba e voltaram clandestinamente ao país para tentar retomar a militância contra o regime. (…) O ex-líder estudantil chegou a Cuba como um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, sequestrado em 1969. Fez uma plástica no rosto para despistar a polícia e voltou pela primeira vez dois anos depois. O plano fracassou, e ele se abrigou novamente na ilha até voltar definitivamente em 1975.
(…)
Preocupados com a exposição pública a cinco dias do início do julgamento, assessores ainda tentam demover o ex-ministro de ir ao debate no Memorial da Resistência, museu sobre a guerrilha mantido pelo governo paulista. Nos últimos dias, Dirceu também revisitou o passado ao se hospedar na casa da mãe em sua cidade natal, Passa Quatro, no interior de Minas. Lá, no entanto, permaneceu em silêncio.
VolteiPois é… Esses amigos são sempre tão preocupados com José Dirceu, né? Seriam aqueles mesmos que já anunciaram a disposição de recorrer a cortes internacionais caso ele seja condenado pelo STF? Que preguiça!
É claro que o Zé está fazendo onda, né? Foi para Passo Quatro (MG) para tentar relembrar o passado do moço “revolucionário”. Agora, quer discutir a guerrilha de Cuba — e anuncia isso — para demonstrar que o STF estará julgando um bravo, um militante, um arauto da liberdade…
Imaginem se a guerrilha pretendida pela turma do Molipo tivesse dado certo. O Brasil teria hoje um governo como o cubano, né?, e o Zé seria o nosso comandante. O regime de Fidel responde por 100 mil mortos — entre os fuzilados e os que morreram afogados tentando deixar a ilha. Proporcionalmente, dada a diferença de população, um regime à cubana, no Brasil, teria feito 1.680.000 mortos! A ditadura militar brasileira se contentou com 424…
Zé Dirceu quer dar relevo à imagem do militante para mitigar a do “consultor de empresas privadas”, aquele do rendez-vous, que se esgueirava em quartos de hotel com autoridades do governo, de estatais e do Congresso.
Que consultoria de imagem está com a “conta Zé Dirceu”? Saída esperta essa…
Por Reinaldo Azevedo

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