domingo, 22 de julho de 2012

Chefe da quadrilha do Mensalão fica nostálgico, às vésperas da condenação.


Às vésperas de ser julgado no Supremo Tribunal Federal pela acusação de chefiar o mensalão, o ex-ministro José Dirceu, planeja uma reaparição pública em debate sobre a luta armada contra a ditadura militar (1964-85). Ele avisou amigos que quer participar, no próximo sábado, de seminário sobre a história do Molipo (Movimento de Libertação Popular). A organização foi criada pelos chamados 28 da Ilha, exilados que fizeram treinamento de guerrilha em Cuba e voltaram clandestinamente ao país para tentar retomar a militância contra o regime. O plano fracassou, e a maioria do grupo morreu nas mãos da repressão meses depois de pisar no Brasil. "O Molipo foi dizimado", resume o pesquisador Ivan Seixas.

Um dos três que ainda estão vivos é Dirceu, a quem Fidel Castro chama até hoje pelo codinome Daniel. O ex-líder estudantil chegou a Cuba como um dos 15 presos políticos trocados pelo embaixador americano Charles Burke Elbrick, sequestrado em 1969. Fez uma plástica no rosto para despistar a polícia e voltou pela primeira vez dois anos depois. O plano fracassou, e ele se abrigou novamente na ilha até voltar definitivamente em 1975.

Com o nome falso de Carlos Henrique Gouvêa de Melo, instalou-se em Cruzeiro do Oeste, no interior do Paraná, e se casou com Clara Becker, mãe do deputado Zeca Dirceu (PT-PR). Ela só descobriria a identidade do marido quatro anos depois, quando ele se viu beneficiado pela Anistia. Preocupados com a exposição pública a cinco dias do início do julgamento, assessores ainda tentam demover o ex-ministro de ir ao debate no Memorial da Resistência, museu sobre a guerrilha mantido pelo governo paulista. Nos últimos dias, Dirceu também revisitou o passado ao se hospedar na casa da mãe em sua cidade natal, Passa Quatro, no interior de Minas. Lá, no entanto, permaneceu em silêncio.(Folha de São Paulo)
Tirado do Coturno Noturno

Nenhum comentário:

Postar um comentário